Profissional de saúde aplicando vacina BCG em bebê no braço direito para prevenção da tuberculose.

Vacina BCG: proteção essencial contra a tuberculose

No dia 1º de julho, celebrou-se o Dia da Vacina BCG, uma data que marca um dos marcos mais importantes da imunização global.


Aplicada em recém-nascidos há mais de um século, a vacina BCG é fundamental na prevenção contra formas graves da tuberculose, como a meníngea e a miliar, especialmente em crianças pequenas.

A origem da vacina BCG


A história da vacina BCG começa em 1º de julho de 1921, quando os cientistas franceses Léon Calmette e Alphonse Guérin anunciaram a criação de um imunizante a partir de uma forma atenuada da bactéria causadora da tuberculose, o Bacilo de Calmette e Guérin, daí a sigla BCG.

No Brasil, a vacina passou a ser utilizada em 1927 e, desde 1977, faz parte do calendário nacional de vacinação, sob coordenação do Programa Nacional de Imunizações (PNI).

Como a vacina BCG protege?


A BCG é composta por uma cepa viva atenuada do Mycobacterium bovis, um parente do bacilo causador da tuberculose humana (Mycobacterium tuberculosis). Sua eficácia é comprovada principalmente contra as formas graves da doença, com proteção estimada em cerca de 78%.

Quem deve tomar?


A vacina é indicada para crianças ao nascer, preferencialmente ainda na maternidade. Caso não seja possível, deve ser aplicada até os 4 anos, 11 meses e 29 dias. Está disponível gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e em algumas maternidades públicas e privadas.

Importante: bebês prematuros com menos de 2 kg devem aguardar até atingirem esse peso mínimo para receber a vacina.

Reações e cuidados após a aplicação


É comum que a BCG provoque uma pequena lesão no braço direito, que evolui para cicatriz de até 1 cm. Essa resposta é esperada e não requer curativos, pomadas ou medicamentos.

Desde 2019, o Ministério da Saúde não recomenda a revacinação de crianças que não desenvolvem cicatriz.

Possíveis reações adversas


Apesar de geralmente bem tolerada, podem ocorrer efeitos como:

  • Gânglios aumentados (em cerca de 10% dos vacinados)
  • Úlceras maiores
  • Abscessos na pele
  • Disseminação do bacilo da vacina (raro)

Em caso de reação adversa, o paciente deve ser encaminhado ao serviço de saúde para avaliação e acompanhamento.

Como a tuberculose é transmitida?


A transmissão ocorre pelo ar, por meio da tosse, fala ou espirro de pessoas com tuberculose pulmonar ativa, que eliminam aerossóis contendo bacilos.

Uma única pessoa doente e sem tratamento pode infectar até 15 outras em um ano.

A doença não é transmitida por copos, roupas ou talheres.

Reduzindo o risco de transmissão da tuberculose


Embora a tuberculose seja uma doença grave e de fácil transmissão em ambientes fechados, algumas medidas simples e eficazes podem reduzir significativamente o risco de contágio, tanto em casa quanto em locais públicos e instituições de saúde. Confira:

Mantenha os ambientes bem ventilados e com entrada de luz solar


A bactéria causadora da tuberculose (Mycobacterium tuberculosis) é sensível à luz ultravioleta e ao ar em circulação. Por isso, ambientes fechados e com pouca ventilação favorecem sua permanência no ar por mais tempo. Manter janelas abertas, promover a circulação de ar e permitir a entrada de luz solar direta são medidas fundamentais para interromper a cadeia de transmissão.

Pratique a “etiqueta da tosse”


Educar a população sobre a etiqueta da tosse é uma das ações mais eficazes para a prevenção. Sempre que tossir ou espirrar, a pessoa deve cobrir a boca e o nariz com o antebraço (e não com as mãos) ou utilizar um lenço descartável. Isso evita a dispersão de gotículas contendo o bacilo da tuberculose no ambiente.

Essa medida simples protege tanto o paciente quanto as pessoas ao redor e deve ser incentivada em todos os espaços públicos e de saúde.

Isolamento de casos suspeitos ou confirmados


Nos casos em que há suspeita ou confirmação de tuberculose pulmonar ou laríngea ativa, é fundamental adotar medidas de isolamento respiratório temporário, principalmente nos primeiros dias de tratamento, quando o risco de transmissão é maior.

  • O paciente deve evitar aglomerações e permanecer em local arejado.
  • O uso de máscara cirúrgica pode ser indicado durante esse período.
  • Em ambientes de saúde, o ideal é que o atendimento a esses pacientes ocorra em salas com ventilação cruzada e controle de infecção.

Com o início do tratamento, a carga bacilar tende a reduzir rapidamente, e em geral, após 15 dias, o risco de transmissão diminui significativamente.

Sintomas da tuberculose pulmonar


A tuberculose é uma doença que pode se manifestar de forma silenciosa nas fases iniciais, mas apresenta sinais característicos à medida que evolui. Reconhecer esses sintomas precocemente é fundamental para o diagnóstico e o início imediato do tratamento, tanto para preservar a saúde do paciente quanto para evitar a transmissão da doença.

Veja os principais sintomas da tuberculose pulmonar, a forma mais comum e contagiosa da doença:

  • Tosse persistente por 3 semanas ou mais (principal sintoma)
  • Febre no fim do dia
  • Sudorese noturna
  • Emagrecimento inexplicado

Caso você ou alguém próximo apresente esses sintomas, especialmente a tosse prolongada, procure a unidade de saúde mais próxima para avaliação imediata. O diagnóstico precoce e o tratamento correto são essenciais para a cura e para evitar a transmissão da doença a outras pessoas.

Diagnóstico da tuberculose


O diagnóstico da tuberculose é um passo essencial tanto para iniciar o tratamento adequado quanto para interromper a cadeia de transmissão da doença. Diante de sintomas persistentes, especialmente tosse por mais de três semanas. É fundamental que a pessoa seja avaliada por um profissional de saúde o quanto antes.

A identificação da tuberculose envolve a análise clínica dos sintomas, o histórico do paciente, a avaliação de possíveis contatos com pessoas infectadas e a realização de exames laboratoriais e de imagem. Esses exames permitem não apenas confirmar a presença da doença, mas também identificar a forma da tuberculose (pulmonar ou extrapulmonar) e a sensibilidade do bacilo aos medicamentos utilizados no tratamento.

Quanto mais cedo a doença é diagnosticada, maiores são as chances de cura, menor o risco de complicações e menor a possibilidade de transmissão para outras pessoas.

Em caso de suspeita, procure a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima para investigação e orientação. O diagnóstico e o tratamento da tuberculose são oferecidos gratuitamente pelo SUS.

Tratamento gratuito e com cura


A tuberculose tem cura, desde que o tratamento seja iniciado de forma precoce e seguido corretamente até o final. No Brasil, todo o tratamento é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), incluindo os exames diagnósticos, os medicamentos e o acompanhamento clínico.

O esquema terapêutico padrão tem duração mínima de 6 meses e utiliza uma combinação de quatro antibióticos com ação específica contra o bacilo da tuberculose:

  • Rifampicina
  • Isoniazida
  • Pirazinamida
  • Etambutol

Essa associação é essencial para combater o bacilo Mycobacterium tuberculosis, prevenir recaídas e evitar o desenvolvimento de resistência bacteriana. A interrupção ou o uso incorreto dos medicamentos pode comprometer a eficácia do tratamento e favorecer o surgimento de formas resistentes, que são mais difíceis e prolongadas de tratar.

É fundamental que o paciente tome os medicamentos conforme prescrito, mesmo que os sintomas desapareçam nas primeiras semanas.

Estratégia de Tratamento Diretamente Observado (TDO)


Uma das principais ferramentas para garantir a adesão ao tratamento é o Tratamento Diretamente Observado (TDO). Nessa estratégia, um profissional de saúde, ou outro profissional capacitado e supervisionado, acompanha presencialmente a ingestão dos medicamentos pelo paciente, em dias úteis ou, em situações excepcionais, três vezes por semana.

O TDO promove maior segurança, permite o monitoramento de possíveis efeitos adversos e contribui para o fortalecimento do vínculo entre a equipe de saúde e o paciente, tornando o cuidado mais humanizado e efetivo.

Infecção Latente pelo Mycobacterium tuberculosis (ILTB)


A Infecção Latente pelo Mycobacterium tuberculosis, conhecida como ILTB, ocorre quando a pessoa entra em contato com o bacilo causador da tuberculose, mas não apresenta sintomas clínicos da doença nem sinais visíveis nos exames de imagem.

Nessa condição, o bacilo permanece “adormecido” no organismo, sem provocar sintomas ou transmissão ativa. No entanto, a pessoa infectada continua correndo risco de desenvolver a tuberculose ativa futuramente, principalmente em situações de baixa imunidade.

Quem deve ser avaliado?


Alguns grupos apresentam maior risco de progressão da ILTB para a forma ativa e, por isso, devem ser prioritariamente avaliados pelos serviços de saúde:

  • Contatos domiciliares de pessoas diagnosticadas com tuberculose pulmonar ativa
  • Crianças pequenas, especialmente as menores de 5 anos
  • Pessoas vivendo com HIV, devido à imunidade comprometida
  • Pacientes em uso de medicamentos imunossupressores, como corticoides, quimioterapia ou terapias biológicas

Por que tratar a ILTB?


O diagnóstico e o tratamento preventivo da infecção latente são medidas fundamentais para quebrar a cadeia de transmissão da tuberculose e impedir que a doença se manifeste em sua forma ativa, especialmente entre os mais vulneráveis.

Além disso, o controle da ILTB é uma estratégia global recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como parte essencial dos esforços para eliminar a tuberculose como problema de saúde pública.

A importância da vacina BCG na saúde coletiva


A vacina BCG continua sendo uma aliada poderosa na luta contra a tuberculose, especialmente nas formas mais graves da doença. A imunização precoce de crianças é fundamental para a saúde pública e deve ser mantida como prioridade no calendário vacinal.

Verifique se seu filho foi vacinado e orientado corretamente.

Em caso de sintomas ou dúvidas, procure a unidade de saúde mais próxima.

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