O que você precisa saber antes de usar a Cefazolina?
A cefazolina é indicada no tratamento e prevenção de infecções bacterianas. Neste conteúdo, você confere suas principais indicações, posologia e orientações de uso.
A cefazolina é um antibiótico muito utilizado em ambiente hospitalar, especialmente em cirurgias e no tratamento de infecções bacterianas moderadas a graves.
Segura, eficaz e amplamente estudada, ela faz parte da rotina de atendimento em hospitais, clínicas e serviços de urgência — e também desperta dúvidas comuns entre pacientes e estudantes da área da saúde.
O que é a cefazolina?
A cefazolina é um antibiótico da classe das cefalosporinas de primeira geração, pertencente ao grupo dos betalactâmicos. É disponibilizada em pó para solução injetável, administrada exclusivamente por via intramuscular (IM) ou intravenosa (IV).
Ela age inibindo a síntese da parede celular bacteriana, levando à destruição das bactérias suscetíveis. É um medicamento de uso exclusivamente hospitalar e só pode ser administrado por profissionais habilitados.
Cefazolina é antibiótico?
Sim. A cefazolina é um antibiótico de uso parenteral, com ação bactericida contra diversas bactérias Gram-positivas e algumas Gram-negativas, como:
- Staphylococcus aureus (incluindo cepas produtoras de penicilinase);
- Streptococcus pneumoniae;
- Estreptococos beta-hemolíticos;
- Escherichia coli;
- Klebsiella spp.;
- Proteus mirabilis;
- Haemophilus influenzae.
Ela apresenta menor efetividade, ou resistência, contra microrganismos como Pseudomonas, Serratia, Acinetobacter e algumas cepas de Enterobacter.
Cefazolina: para que serve
A cefazolina é indicada para tratar infecções causadas por microrganismos suscetíveis e também é amplamente utilizada na profilaxia cirúrgica. Entre suas principais indicações estão:
1. Infecções respiratórias
- Pneumonia;
- Bronquite;
- Infecções causadas por S. pneumoniae, H. influenzae, Klebsiella spp. e Staphylococcus aureus.
2. Infecções urinárias
- Cistites complicadas;
- Pielonefrite;
- Infecções por E. coli, Proteus mirabilis e Klebsiella.
3. Infecções de pele e estruturas da pele
- Celulites;
- Erisipela;
- Abscessos;
- Infecções por estafilococos e estreptococos.
4. Infecções do trato biliar
- Colecistite;
- Colangite.
5. Infecções ósseas e articulares
- Osteomielite;
- Artrites bacterianas;
- Infecções, principalmente por Staphylococcus aureus.
6. Infecções genitais
- Prostatite;
- Epididimite.
7. Infecção generalizada
- Septicemia causada por microrganismos sensíveis.
8. Endocardite
- Causada por S. aureus e estreptococos beta-hemolíticos.
9. Profilaxia cirúrgica
Uma das indicações mais importantes da cefazolina é na prevenção de infecções pós-cirúrgicas, como em:
- Cirurgias cardíacas;
- Artroplastias;
- Cirurgias limpas potencialmente contaminadas;
- Procedimentos prolongados;
- Cesarianas não eletivas.
A administração pré-operatória deve ocorrer entre 30 e 60 minutos antes da incisão, garantindo níveis séricos adequados do antibiótico no início da cirurgia.
Cefazolina: classe
A cefazolina pertence à classe dos antibióticos cefalosporínicos de primeira geração, uma subclasse dos betalactâmicos.
Entre suas principais características estão:
- Forte ação contra Gram-positivos;
- Boa penetração tecidual;
- Ótima concentração sérica após administração IV;
- Baixa toxicidade;
- Uso predominantemente hospitalar.
Cefazolina: outro nome
O nome “cefazolina” refere-se ao princípio ativo. Entre os nomes comerciais no Brasil, o mais comum é:
Há também versões genéricas e similares fabricadas por diferentes laboratórios, sempre identificadas como cefazolina sódica.
Como a cefazolina age?
A cefazolina é uma cefalosporina semissintética que age por:
- Inibição da síntese da parede celular;
- Ligação às PBPs (penicillin-binding proteins);
- Ativação de autolisinas bacterianas.
Isso leva à lise celular e consequente morte da bactéria.
Farmacocinética
- Pico sérico IV: ~185 mcg/mL (dose de 1 g);
- Pico IM: 64 mcg/mL (dose de 1 g);
- Meia-vida: 1,8–2 horas;
- Excreção renal: 70%–80% em 24 horas;
- Boa penetração em bile, líquido sinovial e tecidos moles.
Em ambiente hospitalar, a farmacocinética favorece a manutenção de níveis séricos adequados em intervalos regulares, o que explica seu amplo uso em profilaxia cirúrgica.
Cefazolina: posologia (adultos e crianças)
Atenção: Administração somente por profissionais da saúde.
Adultos
Infecções leves:
- 250–500 mg a cada 8 horas (IV).
Infecções moderadas a graves:
- 500 mg–1 g a cada 6–8 horas (IV).
Infecção urinária aguda não complicada:
- 1 g a cada 12 horas.
Pneumonia pneumocócica:
- 500 mg a cada 12 horas.
Profilaxia de endocardite:
- 1 g, 30 minutos antes do procedimento.
Profilaxia cirúrgica
- 1 g 30–60 min antes da incisão;
- Repetir 500 mg–1 g a cada 2 horas se a cirurgia for prolongada;
- Manter 500 mg–1 g a cada 6–8 horas por até 24 horas;
- Em cirurgias de alto risco (cardíacas e artroplastias): manter por 3–5 dias.
Dose máxima diária
- Até 6 g por dia (raramente até 12 g sob supervisão hospitalar).
Cefazolina: posologia em crianças
A partir de 1 mês:
- Infecção leve a moderada: 6,25–12,5 mg/kg a cada 6 horas ou 8,3–16,7 mg/kg a cada 8 horas;
- Infecção grave: 25 mg/kg a cada 6 horas.
Menores de 1 mês:
- 20 mg/kg a cada 8–12 horas.
Profilaxia de endocardite:
- 25 mg/kg 30 minutos antes do procedimento.
Ajuste de dose na insuficiência renal
A cefazolina depende da eliminação renal, exigindo ajustes:
Adultos
- ClCr ≥ 55: dose usual;
- 35–54 mL/min: dose usual a cada 8–12 h;
- 11–34 mL/min: metade da dose usual a cada 12 h;
- ≤ 10 mL/min: metade da dose a cada 18–24 h.
H3: Crianças
Ajustes conforme clearance de creatinina em faixas proporcionais às doses corporais.
Cefazolina: diluição e modo de preparo
Via intramuscular (IM)
- Reconstituir frasco de 1 g com 2,5 mL de água para injetáveis ou lidocaína 0,5%;
- Volume final: ~3 mL;
- Aplicar em grande massa muscular.
Via intravenosa direta (IV bolus)
- Reconstituir com 10 mL de água para injetáveis;
- Administrar em 3–5 minutos.
Infusão intravenosa (IV)
- Reconstituir com 10 mL;
- Diluir em 50–100 mL de: SF 0,9%; Glicose 5%; Glicose 10%; Ringer; Ringer com lactato.
- Tempo de infusão: 30–60 minutos.
Estabilidade
- 12 horas em temperatura ambiente (15–30°C), protegido da luz;
- 24 horas sob refrigeração (2–8°C).
Importante
- Não misturar com aminoglicosídeos no mesmo frasco;
- Solução pode escurecer com o tempo, sem perda de potência;
- Produto com lidocaína NÃO pode ser administrado por via IV.
Contraindicações
A cefazolina é contraindicada em:
- Pacientes com hipersensibilidade a cefalosporinas;
- Histórico de reação grave a penicilinas;
- Alergia a penicilamina.
Advertências e precauções
As advertências e precauções da cefazolina merecem atenção especial, principalmente em pacientes com histórico de alergias ou comorbidades.
Pessoas alérgicas à penicilina podem apresentar risco aumentado de reações cruzadas, estimado em cerca de 10%, o que exige avaliação criteriosa antes da administração.
Também é importante considerar o potencial do medicamento para desencadear colite pseudomembranosa por Clostridium difficile, sobretudo em pacientes com histórico de distúrbios gastrointestinais.
O ajuste de dose em casos de insuficiência renal é fundamental, uma vez que concentrações elevadas podem levar a efeitos neurológicos, incluindo convulsões.
Outro ponto essencial é que a cefazolina não deve ser administrada por via intratecal, devido ao risco significativo de neurotoxicidade. Essas precauções garantem o uso seguro e eficaz do antibiótico no contexto hospitalar.
Interações medicamentosas
- Aminoglicosídeos: elevação da nefrotoxicidade;
- Varfarina: aumento do efeito anticoagulante;
- Heparina: aumento do risco de sangramento;
- Probenecida: eleva níveis plasmáticos de cefazolina;
- Pode alterar testes de: Glicose urinária (Fehling/Benedict); Coombs direto e indireto.
Reações adversas
As reações mais comuns incluem:
Hipersensibilidade
- Urticária;
- Anafilaxia;
- Prurido;
- Síndrome de Stevens-Johnson (rara).
Locais
- Dor no local da aplicação;
- Flebite;
Sistema gastrointestinal
- Diarreia;
- Náuseas e vômitos;
- Colite pseudomembranosa;
- Estomatite por Candida.
Hematológicas
- Neutropenia;
- Leucopenia;
- Trombocitopenia.
Renais e hepáticas
- Aumento de creatinina e ureia;
- Elevação de AST/ALT;
- Hepatite (rara).
Cefazolina na gestação e lactação
A cefazolina é classificada como categoria de risco B, o que significa que estudos realizados em animais não demostraram risco para o feto. Apesar disso, ainda não existem pesquisas controladas em gestantes que confirmem sua total segurança durante a gravidez.
Por esse motivo, o uso costuma ser reservado a situações em que o benefício clínico supera possíveis riscos, sempre com avaliação individualizada do médico responsável.
Durante a amamentação, pequenas quantidades do medicamento podem passar para o leite materno, mas, até o momento, não há relatos de efeitos adversos significativos em lactentes.
Assim, a cefazolina pode ser utilizada com cautela nesse período, desde que haja acompanhamento profissional e justificativa clínica bem estabelecida.
Cefazolina: principais dúvidas respondidas
1. A cefazolina serve para dor de garganta ou infecção simples?
Não. É um antibiótico exclusivo para uso hospitalar, indicado para infecções moderadas a graves ou profilaxia cirúrgica.
2. Pode ser comprada em farmácia?
Não. É vendida apenas com prescrição e uso restrito a hospitais.
3. A cefazolina substitui a penicilina?
Embora tenha ação contra estreptococos, não substitui a penicilina em situações como profilaxia de febre reumática.
4. Quanto tempo dura o tratamento?
De 48–72 horas após a remissão da febre, podendo se estender conforme a gravidade e a resposta clínica.