Medicamentos podem conter glúten?

Medicamentos podem conter glúten?

Onde o glúten pode estar “escondido” nos tratamentos farmacológicos, os riscos envolvidos e como fazer escolhas seguras, especialmente para quem convive com a doença celíaca.


Em maio, celebramos o Maio Roxo, mês de conscientização sobre doenças inflamatórias intestinais. Mas o cuidado com o glúten vai além da alimentação, ele também pode estar presente em medicamentos e suplementos.

O que é o glúten e por que ele está presente em alguns medicamentos?


Antes de tudo, é importante entender o que é o glúten. Trata-se de um conjunto de proteínas (principalmente gliadina e glutenina) naturalmente presentes em grãos como trigo, centeio e cevada. Ele é responsável por conferir elasticidade e maciez a massas e pães, por isso é tão comum na culinária.

No entanto, em pessoas com doença celíaca ou sensibilidade ao glúten, o consumo dessas proteínas pode causar uma resposta inflamatória no intestino delgado, comprometendo a absorção de nutrientes e desencadeando uma série de sintomas gastrointestinais e sistêmicos.

Embora esteja mais associado aos alimentos, o glúten também pode aparecer em medicamentos e suplementos, principalmente na forma de excipientes (substâncias inativas usadas para dar forma, estabilidade e sabor ao produto). 

Segundo a Ordem dos Farmacêuticos de Portugal, ingredientes como amido de trigo, maltodextrina e amido pré-gelatinizado podem conter traços de glúten se forem extraídos de cereais proibidos para celíacos. Mesmo em quantidades mínimas, esses compostos podem representar riscos para pacientes com doença celíaca, já que a ingestão contínua pode levar a inflamações intestinais, má absorção de nutrientes e outras complicações.

O impacto do glúten em pacientes celíacos e sensíveis


De acordo com a organização Beyond Celiac, pessoas com doença celíaca devem evitar até mesmo traços de glúten em medicamentos, pois a contaminação cruzada ou a exposição crônica podem desencadear sintomas como diarreia, dor abdominal, fadiga, irritabilidade e até osteoporose em longo prazo.

O risco aumenta quando medicamentos são de uso contínuo, especialmente para condições como hipertensão, diabetes, distúrbios gastrointestinais ou deficiências nutricionais.

Além disso, muitos pacientes celíacos não sabem que medicamentos comuns, como antibióticos, analgésicos e suplementos vitamínicos, podem conter glúten. Isso reforça a necessidade de atenção por parte de médicos, farmacêuticos e pacientes.

Como identificar medicamentos com glúten?


Identificar a presença de glúten em medicamentos exige atenção, mesmo com a obrigatoriedade de rotulagem estabelecida pela Anvisa. Embora as bulas e embalagens devam informar claramente se o produto contém ou não glúten, essa informação nem sempre está em local de fácil visualização ou pode passar despercebida no meio de outros dados técnicos.

Além disso, muitos dos excipientes usados nas formulações , como amido, maltodextrina ou manitol, podem ter origem vegetal não especificada, o que gera dúvidas sobre a segurança do produto, principalmente quando a rotulagem está ausente ou desatualizada. Por isso, é essencial consultar a bula completa e, se necessário, entrar em contato com o fabricante ou farmacêutico.

No Brasil, desde a publicação da Instrução Normativa (IN) nº 200, de 12 de dezembro de 2022, a rotulagem obrigatória sobre a presença ou ausência de glúten passou a seguir critérios mais claros. As declarações obrigatórias são:

Para a bula:
✅ “Atenção, portadores de Doença Celíaca ou Síndrome Celíaca: contém glúten.”

Para a caixa do medicamento (embalagem secundária): 
✅ “Atenção: Contém glúten.”

A medida também visa reduzir a dependência de análises técnicas por parte dos consumidores e profissionais da saúde na hora de interpretar rótulos e bulas.

E os suplementos? Eles também podem conter glúten?


Sim. Suplementos nutricionais e vitamínicos muitas vezes contêm aglutinantes e estabilizantes derivados de trigo ou cevada. Multivitamínicos, probióticos, complexos vitamínicos B e até ômega-3 podem ser fontes ocultas de glúten, especialmente em versões importadas ou manipuladas.

A recomendação é que o paciente celíaco verifique sempre a composição e busque produtos com selo de certificação “gluten free”. No caso de dúvidas, a orientação de um farmacêutico é essencial.


Lista de medicamentos e suplementos com glúten


Com base em dados de fontes confiáveis e na plataforma Rio Sem Glúten, reunimos abaixo duas tabelas com exemplos de medicamentos e suplementos comercializados no Brasil que contêm glúten.

  • TABELA 01

                                                                                            Fonte: Rio Sem Glúten, 2018


  • TABELA 02

                                                                                            Fonte: Rio Sem Glúten, 2018


Atenção: essas listas não são definitivas e podem sofrer alterações conforme reformulações das marcas. Consulte sempre a bula atualizada e procure orientação profissional.


O papel dos profissionais da saúde na segurança do paciente celíaco


O cuidado com pacientes celíacos vai muito além da dieta sem glúten, ele também envolve a análise cautelosa de medicamentos e suplementos utilizados no tratamento de diversas condições clínicas. Nesse contexto, a atuação de profissionais da saúde é essencial para evitar exposições que podem comprometer a saúde intestinal e sistêmica do paciente.


Médicos devem estar atentos à composição de fármacos antes da prescrição, sobretudo em tratamentos de uso contínuo ou em populações mais vulneráveis, como crianças e idosos. Já os farmacêuticos têm papel estratégico na identificação de excipientes de risco, na verificação da rotulagem e na oferta de alternativas seguras, principalmente em contextos onde o paciente não tem pleno acesso à bula ou à internet.


A prática clínica segura pode ser potencializada com o uso de ferramentas como:


  • Bancos de dados atualizados, que permitem verificar rapidamente a composição dos medicamentos;
  • Guias específicos de medicamentos e suplementos sem glúten;
  • Contato direto com os fabricantes, em casos de dúvida sobre a origem dos excipientes;
  • Capacitação contínua das equipes de saúde, para que estejam atualizadas em relação às normas da Anvisa e aos riscos associados ao glúten.

Além disso, a educação do paciente também deve ser parte da conduta: orientar sobre a leitura da bula, esclarecer que o glúten pode estar “escondido” em tratamentos farmacológicos e incentivar que ele compartilhe essa condição com todos os profissionais envolvidos no seu cuidado.

Atenção redobrada com o glúten oculto


O glúten pode se esconder onde menos imaginamos, inclusive em cápsulas, comprimidos e suplementos rotineiros. Para quem convive com a doença celíaca, cada detalhe conta: uma exposição não intencional pode desencadear sintomas severos, comprometer o tratamento e impactar diretamente a qualidade de vida.

Por isso, informação qualificada, atenção aos rótulos e uma atuação coordenada entre médicos, farmacêuticos e pacientes são indispensáveis. Garantir a segurança terapêutica da população celíaca é um compromisso que começa na prescrição e se estende até a farmácia, e passa, sobretudo, pelo respeito à saúde de quem precisa de cuidado contínuo.

Compromisso com a saúde em cada detalhe


Na Magazine Médica, entendemos que a segurança do paciente começa muito antes do uso do medicamento, começa na escolha certa dos produtos. Com mais de 20 anos de experiência no mercado, estrutura própria de armazenamento e um portfólio com mais de 10 mil itens que atendem todas as exigências do Ministério da Saúde e da Anvisa, estamos presente em mais de 65 mil estabelecimentos de saúde em todo o Brasil.

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