Fígado em papel colorido com laço vermelho e amarelo ao centro, julho amarelo. Mês dedicado à prevenção combate à hepatite.

Hepatite: o que é, causas, sintomas e principais tipos virais (A, B e C)

As hepatites virais afetam milhões de pessoas no Brasil e no mundo, muitas vezes de forma silenciosa. Entenda o que são, como se manifestam e como prevenir os tipos mais comuns: A, B e C.


As hepatites virais são infecções que afetam o fígado e representam um importante problema de saúde pública no Brasil e no mundo. Embora muitas vezes silenciosas, essas doenças podem causar complicações graves, como cirrose e câncer hepático, especialmente quando não diagnosticadas precocemente.

Neste artigo, você vai entender o que é hepatite, quais os tipos mais comuns (A, B e C), sintomas, formas de contágio e consequências para a saúde.

O que é hepatite?


Hepatite é a inflamação do fígado, um órgão vital responsável por funções essenciais como metabolização de nutrientes, produção de proteínas, armazenamento de energia e eliminação de toxinas.

Essa inflamação pode ser causada por vírus, uso excessivo de álcool, medicamentos, doenças autoimunes ou metabólicas. No entanto, as hepatites virais são as formas mais comuns, especialmente nos contextos clínico e epidemiológico.

O que causa hepatite?


As causas da hepatite variam conforme o tipo, mas os principais agentes são:

  • Vírus hepatotrópicos: A (HAV), B (HBV), C (HCV), D (HDV) e E (HEV);
  • Álcool e drogas hepatotóxicas;
  • Medicamentos de uso prolongado;
  • Doenças autoimunes;
  • Hepatites tóxicas por exposição a substâncias químicas.

As hepatites virais são transmissíveis e, por isso, merecem atenção especial em ambientes de saúde, escolas, comunidades e locais com condições sanitárias precárias.

Hepatite: sintomas mais comuns


Os sintomas de hepatite variam de acordo com o tipo viral e a fase da doença (aguda ou crônica). Em muitos casos, a infecção é assintomática nos estágios iniciais. Quando presentes, os sintomas podem incluir:

  • Cansaço excessivo;
  • Enjoo, vômitos;
  • Dor abdominal (região do fígado);
  • Urina escura;
  • Fezes claras;
  • Icterícia (pele e olhos amarelados);
  • Febre baixa;
  • Perda de apetite.

A ausência de sintomas pode retardar o diagnóstico, especialmente nas hepatites B e C, aumentando o risco de evolução para formas crônicas e complicações hepáticas graves.

Quais os tipos de Hepatites virais?


Hepatite A: o que é e como ocorre


A hepatite A é uma infecção aguda do fígado causada pelo vírus HAV (Hepatitis A Virus). É considerada a forma de hepatite viral mais comum e, ao mesmo tempo, a menos agressiva entre os principais tipos.

Sua transmissão ocorre principalmente por via fecal-oral, ou seja, pela ingestão de água ou alimentos contaminados com fezes de pessoas infectadas.

Características da hepatite A:


  • Infecção geralmente benigna: na maioria dos casos, a hepatite A evolui de forma aguda e autolimitada, com duração de poucas semanas.

  • Baixo risco de complicações: casos graves são raros, mas podem ocorrer, principalmente em adultos e idosos. Em situações excepcionais, pode evoluir para hepatite fulminante.

  • Imunidade vitalícia: após a infecção, o organismo desenvolve anticorpos que conferem imunidade permanente.

  • Maior incidência em populações vulneráveis: especialmente em regiões com falta de água potável, higiene deficiente e aglomeração populacional.

Sintomas mais comuns


A infecção por HAV pode ser assintomática, especialmente em crianças. Quando presentes, os sintomas incluem:

  • Febre leve;
  • Mal-estar geral;
  • Náuseas e vômitos;
  • Dor abdominal (principalmente no quadrante superior direito);
  • Icterícia (pele e olhos amarelados);
  • Urina escura e fezes esbranquiçadas.

Os sintomas duram entre duas a seis semanas, e a recuperação costuma ser completa, sem necessidade de tratamento específico.

Como prevenir a hepatite A


A prevenção da hepatite A é eficaz e envolve medidas de saúde pública e cuidados individuais. As principais estratégias incluem:

Vacinação

A vacina contra hepatite A é segura e eficaz, indicada a partir dos 12 meses de idade. Está disponível no SUS para crianças e em situações específicas (como surtos ou viagens a áreas de risco). Também é recomendada para profissionais da saúde, pessoas com doenças hepáticas crônicas, viajantes internacionais, entre outros grupos.

Saneamento básico

O acesso à água tratada e ao esgotamento sanitário reduz drasticamente os riscos de contaminação ambiental pelo HAV.

Higiene pessoal e alimentar

  • Lavar bem as mãos com água e sabão após usar o banheiro e antes das refeições;

  • Lavar frutas, verduras e legumes com água limpa e, preferencialmente, tratada com hipoclorito;

  • Evitar consumo de alimentos crus de procedência duvidosa, especialmente frutos do mar e ostras

Educação em saúde

A orientação populacional sobre formas de transmissão e prevenção ainda é uma das ferramentas mais eficazes, especialmente em comunidades com infraestrutura limitada.

Hepatite B: o que é, como é transmitida e riscos


A hepatite B é uma infecção viral causada pelo vírus da hepatite B (HBV), que atinge o fígado e pode levar a complicações graves, como cirrose e câncer hepático. Trata-se de uma das formas mais preocupantes de hepatite viral devido ao seu alto potencial de cronificação e ao fato de, muitas vezes, não apresentar sintomas nas fases iniciais.

Por ser uma infecção sexualmente transmissível (IST) e também transmissível por contato com sangue contaminado, a hepatite B exige atenção redobrada em ambientes clínicos, hospitalares, odontológicos e estéticos.

Formas de contágio:


O HBV é altamente infeccioso e pode ser transmitido por diversas vias. As principais são:

Relações sexuais desprotegidas

O vírus está presente no sêmen e nas secreções vaginais, sendo facilmente transmitido durante o sexo sem preservativo.

Contato com sangue contaminado

  • Compartilhamento de agulhas, seringas ou instrumentos perfurocortantes (ex: alicates, lâminas de barbear);

  • Transfusões de sangue sem testagem (mais comuns antes da década de 1990);

  • Acidentes com material biológico, especialmente em profissionais da saúde.

Procedimentos invasivos

  • Tatuagens, piercings, manicure e procedimentos estéticos feitos sem esterilização adequada dos instrumentos;

  • Cirurgias e atendimentos odontológicos com falhas de biossegurança.

Características clínicas da hepatite B


A infecção pelo HBV pode se manifestar de duas formas:

Fase aguda

A fase aguda ocorre pouco tempo após o contágio, podendo durar até 6 meses. Em muitos casos, o sistema imunológico consegue eliminar o vírus naturalmente. Os sintomas (quando presentes) incluem:

  • Cansaço intenso;
  • Febre leve;
  • Icterícia;
  • Urina escura;
  • Náuseas e vômitos;
  • Dor abdominal.

Fase crônica

Quando o vírus permanece no organismo por mais de 6 meses, a infecção é considerada crônica. A hepatite B crônica é silenciosa e pode permanecer assintomática por muitos anos, mesmo enquanto causa lesões progressivas no fígado.

As complicações mais graves incluem:

  • Fibrose hepática;
  • Cirrose;
  • Carcinoma hepatocelular (câncer de fígado);
  • Necessidade de transplante hepático nos casos avançados.

Existe vacina para hepatite B?


Sim, a vacina contra a hepatite B é altamente eficaz e segura, sendo uma das principais estratégias de controle da doença. O esquema padrão é composto por 3 doses, com excelente resposta imunológica.

No Brasil, a vacina está disponível gratuitamente pelo SUS, inclusive para:

  • Recém-nascidos (desde as primeiras 24 horas de vida);
  • Crianças e adolescentes;
  • Adultos não vacinados;
  • Grupos de risco: profissionais da saúde, gestantes, pessoas com HIV, usuários de drogas, entre outros.

Como prevenir a hepatite B


A prevenção é a chave para interromper a cadeia de transmissão do HBV. As principais medidas incluem:

Vacinação

Fundamental e altamente recomendada para todas as faixas etárias.

Uso de preservativos

Reduz significativamente o risco de contágio durante relações sexuais.

Não compartilhar objetos de uso pessoal

Evite dividir alicates, lâminas de barbear, escovas de dente ou qualquer item que possa conter sangue.

Cuidados em procedimentos invasivos

Certifique-se de que os instrumentos usados em tatuagens, piercings, clínicas e consultórios estejam esterilizados ou sejam descartáveis.

Testagem de sangue e gestantes

A triagem sorológica para hepatite B é obrigatória em bancos de sangue e durante o pré-natal. Quando a gestante é diagnosticada, o recém-nascido deve receber imunoglobulina e vacina nas primeiras horas de vida para evitar a infecção.

Convivendo com a hepatite B


Quem vive com hepatite B crônica deve ser acompanhado por um hepatologista, com exames periódicos de função hepática, carga viral e imagem. O tratamento com antivirais orais de uso contínuo pode controlar a replicação do vírus, protegendo o fígado a longo prazo.

Hepatite C: silenciosa, perigosa e com chance de cura


A hepatite C é uma infecção hepática causada pelo vírus HCV (Hepatitis C Virus). Reconhecida por sua evolução silenciosa e progressiva, é uma das principais causas de doenças hepáticas crônicas no mundo, incluindo cirrose e câncer de fígado.

Ao contrário das hepatites A e B, a hepatite C não possui vacina preventiva, o que torna a testagem precoce e o rastreio em grupos de risco fundamentais para o controle da doença.

Como a hepatite C é transmitida?


A principal via de transmissão do vírus HCV é parenteral, ou seja, por contato direto com sangue contaminado. As formas mais comuns de contágio incluem:

Compartilhamento de agulhas e seringas

É a forma de transmissão mais frequente entre usuários de drogas injetáveis. Mesmo uma única exposição pode ser suficiente para a infecção.

Transfusão de sangue antes de 1993

No Brasil, os testes sorológicos obrigatórios para hepatite C em bancos de sangue passaram a ser exigidos em 1993. Portanto, pessoas que receberam transfusões antes dessa data estão em maior risco.

Procedimentos invasivos com falhas de biossegurança

Tatuagens, piercings, cirurgias, atendimentos odontológicos e exames com instrumentos não esterilizados podem representar risco de transmissão.

Instrumentos de uso pessoal compartilhados

Apesar de menos comum, o uso compartilhado de alicates de unha, lâminas de barbear e escovas de dente contaminadas também pode ser uma forma de contágio.

A hepatite C não é considerada uma IST, e o risco de transmissão por via sexual é muito baixo, exceto em casos com múltiplos parceiros ou em relações com sangue envolvido. Também não há risco em abraçar, beijar ou compartilhar utensílios alimentares.

Características clínicas da hepatite C


O grande desafio da hepatite C é que, na maioria dos casos, ela não apresenta sintomas nas fases iniciais. Isso permite que o vírus permaneça ativo no organismo por décadas, causando lesões progressivas no fígado.

Principais características:

  • Infecção geralmente assintomática por muitos anos;
  • Evolução lenta e silenciosa;
  • Alto risco de fibrose, cirrose, insuficiência hepática e carcinoma hepatocelular;
  • Possibilidade de coinfecção com HIV ou hepatite B, agravando o quadro clínico.

Quando os sintomas surgem, já é comum que o fígado esteja comprometido. Os sinais incluem fadiga crônica, dor no quadrante superior direito, icterícia, perda de apetite e alterações nas enzimas hepáticas.

Hepatite C tem cura?

Sim. Atualmente, a hepatite C é considerada uma doença curável na grande maioria dos casos, graças aos antivirais de ação direta (DAAs), introduzidos a partir de 2015.

Esses medicamentos:

  • Agem diretamente sobre o vírus, impedindo sua replicação;
  • Têm alta taxa de cura (superior a 95%);
  • São administrados por via oral, com poucos efeitos colaterais;
  • Possuem esquemas de tratamento entre 8 e 12 semanas, dependendo do genótipo e do grau de comprometimento hepático.

No Brasil, o tratamento está disponível gratuitamente pelo SUS, conforme o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) do Ministério da Saúde.

Como prevenir a hepatite C?

Como ainda não existe vacina contra o HCV, a prevenção depende de medidas comportamentais, educativas e de biossegurança. As recomendações incluem:

Testagem regular

Especialmente para:

  • Pessoas acima de 40 anos (grupo com maior risco de transfusões antigas);
  • Usuários de drogas injetáveis;
  • Pessoas com histórico de hemodiálise, transplantes ou procedimentos invasivos;
  • Profissionais da saúde;
  • Pessoas com diagnóstico de HIV ou hepatite B.

Uso de materiais descartáveis ou esterilizados

Seja em consultórios, salões de beleza, estúdios de tatuagem ou clínicas, é essencial garantir que todos os instrumentos sejam de uso único ou devidamente esterilizados.

Não compartilhar objetos de uso pessoal

Evitar dividir alicates, escovas, lâminas de barbear ou qualquer item que possa entrar em contato com sangue.

Educação em saúde

Campanhas de conscientização e rastreamento são fundamentais para reduzir os casos não diagnosticados e ampliar o acesso ao tratamento.

Diagnóstico: como saber se você tem hepatite?


O diagnóstico das hepatites virais é feito por meio de exames laboratoriais, incluindo:

  • Sorologias específicas (anti-HAV, HBsAg, anti-HCV etc.);
  • Exames de função hepática (TGO, TGP, bilirrubina);
  • Carga viral e genotipagem, nos casos crônicos;
  • Exames de imagem ou biópsia em casos mais avançados.

A recomendação é que profissionais da saúde, gestantes e pessoas com histórico de risco façam testagens periódicas.

O que a hepatite causa no organismo?


Quando não tratada ou identificada tardiamente, a hepatite pode evoluir com sérias consequências:

  • Inflamação hepática crônica;
  • Fibrose e cirrose;
  • Insuficiência hepática;
  • Câncer de fígado (hepatocarcinoma);
  • Necessidade de transplante hepático.

As hepatites B e C são as maiores responsáveis por essas complicações no mundo todo, principalmente em pacientes com coinfecção por HIV ou outras comorbidades.

Como prevenir as hepatites virais?


A prevenção é a principal estratégia para controle das hepatites. As medidas variam conforme o tipo:

  • Vacinação (para hepatite A e B);
  • Uso de preservativos em todas as relações sexuais;
  • Não compartilhar objetos pessoais ou perfurocortantes;
  • Testagem regular e precoce;
  • Boas práticas em serviços de saúde, estética e odontologia.

Profissionais de saúde: atenção redobrada


Os profissionais da saúde estão entre os grupos mais vulneráveis às hepatites B e C, principalmente devido à exposição frequente a materiais biológicos potencialmente contaminados, como sangue e secreções. 

A rotina em hospitais, clínicas, consultórios odontológicos e laboratórios envolve procedimentos invasivos, manuseio de instrumentos cortantes e riscos ocupacionais que exigem atenção constante às medidas de prevenção.

Nesse contexto, é fundamental que esses profissionais estejam com o esquema vacinal completo contra a hepatite B, uma vez que essa é uma das formas mais eficazes de proteção.

Além disso, o uso rigoroso de equipamentos de proteção individual (EPIs), como luvas, máscaras, aventais e óculos de proteção, é indispensável para reduzir o risco de exposição.

A adoção de protocolos de biossegurança, com ênfase na esterilização adequada de instrumentos, descarte correto de resíduos e prevenção de acidentes com perfurocortantes, também é essencial.

Por fim, recomenda-se a realização periódica de exames de sorologia, especialmente para hepatite B e C, permitindo o diagnóstico precoce e o acompanhamento adequado, caso necessário.

Essas medidas, quando aplicadas de forma sistemática, não apenas protegem os profissionais, mas também garantem a segurança dos pacientes e a integridade dos serviços de saúde.

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