Entenda os cuidados necessários com a difenidramina
A difenidramina é um anti-histamínico usado no tratamento de alergias, náuseas e vertigens. Confira para que serve, como age no organismo e quais cuidados são necessários durante o uso.
O que é a difenidramina
A difenidramina é um medicamento da classe dos anti-histamínicos, amplamente utilizado no controle de reações alérgicas, enjoo e vertigem. Seu uso é indicado em casos nos quais o tratamento oral não é possível, sendo comumente administrada por via intramuscular (IM) ou intravenosa (IV) sob supervisão médica.
A substância é um dos anti-histamínicos mais antigos e conhecidos, com ação também anticolinérgica e sedativa. Isso significa que, além de controlar sintomas alérgicos, pode causar relaxamento, sonolência e alívio de náuseas associadas ao movimento ou a distúrbios vestibulares (como a labirintite).
Como a difenidramina age no organismo
Durante uma reação alérgica, o corpo libera histamina, uma substância responsável por sintomas como coceira, vermelhidão, coriza e inchaço. A difenidramina atua bloqueando os receptores H1 da histamina, reduzindo ou prevenindo esses sintomas.
Além disso, sua ação anticolinérgica central interfere na transmissão de estímulos nervosos relacionados ao equilíbrio e aos movimentos, ajudando no controle da vertigem e da náusea.
Por esses motivos, a difenidramina também pode ser usada como coadjuvante em casos de parkinsonismo, especialmente quando o tratamento oral é contraindicado ou quando o paciente não tolera medicamentos mais potentes.
O início de ação é rápido, e os efeitos podem ser percebidos em poucos minutos após a aplicação. Sua duração, no entanto, é relativamente curta, geralmente de 4 a 6 horas.
Indicações da difenidramina
A difenidramina é indicada para diversas situações clínicas, incluindo:
- Reações alérgicas imediatas, como urticária, prurido (coceira), inflamações na pele e rinite alérgica;
- Reações anafiláticas, como medicamento auxiliar à epinefrina (adrenalina);
- Prevenção de reações alérgicas durante cirurgias ou transfusões sanguíneas;
- Controle de náuseas, vômitos e vertigens, especialmente em crises de labirintite ou enjoo de movimento;
- Tratamento sintomático do parkinsonismo, quando a via oral é inviável;
- Situações emergenciais hospitalares, em que há necessidade de resposta rápida no controle de sintomas alérgicos.
O medicamento pode ser utilizado em adultos e crianças acima de 2 anos, conforme orientação médica e dosagem adequada para cada faixa etária.
Formas de administração e doses usuais
A difenidramina é normalmente encontrada na forma de solução injetável, com concentração de 50 mg/mL. A via de administração pode ser:
- Intramuscular (IM): aplicada profundamente no músculo;
- Intravenosa (IV): aplicada lentamente na veia, com taxa controlada (geralmente até 25 mg/min).
As doses variam conforme o quadro clínico:
- Adultos: entre 10 mg e 50 mg, podendo chegar até 100 mg se necessário. A dose máxima diária é de 400 mg.
- Crianças (acima de 2 anos): 5 mg por quilo de peso corporal, divididos em 3 a 4 aplicações diárias.
- Idosos: requerem doses menores, pois são mais sensíveis aos efeitos sedativos e anticolinérgicos.
O medicamento não deve ser utilizado em recém-nascidos ou prematuros e jamais deve ser aplicado como anestésico local, devido ao risco de necrose (morte celular) no local da injeção.
Cuidados durante o tratamento
Alguns cuidados são essenciais para o uso seguro da difenidramina:
- Evite dirigir ou operar máquinas, pois o medicamento pode causar sonolência, lentidão de reflexos e redução da atenção;
- Não consuma bebidas alcoólicas durante o tratamento. O álcool potencializa os efeitos depressivos no sistema nervoso central;
- Informe ao médico sobre o uso de outros medicamentos, incluindo fitoterápicos, pois podem ocorrer interações;
- Em idosos, o risco de confusão mental, tontura e quedas é maior. A dose deve ser ajustada cuidadosamente;
- O uso em gestantes deve ocorrer apenas sob prescrição, quando o benefício superar o risco. A difenidramina é classificada como categoria B na gravidez;
- Durante a amamentação, o uso é contraindicado, pois o medicamento pode passar para o leite materno e afetar o bebê.
Possíveis efeitos colaterais
Os efeitos adversos da difenidramina podem variar de leves a graves. Entre os mais comuns estão:
- Efeitos gerais: sonolência, sedação, fadiga, tontura, confusão e dor de cabeça;
- Gastrointestinais: náuseas, vômitos, constipação e desconforto abdominal;
- Neurológicos: tremores, irritabilidade, insônia, visão turva e zumbido;
- Cardíacos: palpitações, taquicardia e, em casos raros, arritmias;
- Respiratórios: sensação de aperto no peito e congestão nasal;
- Cutâneos: urticária, erupções e sensibilidade aumentada à luz;
- Outros: boca seca, dificuldade para urinar e sudorese excessiva.
Em crianças, doses elevadas podem causar excitação, alucinações e convulsões. Já em adultos, o quadro tende a ser de sonolência profunda e confusão mental.
Interações medicamentosas
A difenidramina pode interagir com várias substâncias, potencializando seus efeitos ou aumentando o risco de reações adversas. Entre as principais interações estão:
- Álcool e depressores do sistema nervoso central (tranquilizantes, sedativos, analgésicos opioides);
- Inibidores da MAO (como fenelzina, selegilina e iproniazida), que prolongam os efeitos da difenidramina;
- Antidepressivos tricíclicos, como amitriptilina;
- Antipsicóticos (ex.: clorpromazina), que podem causar arritmias;
- Ervas com efeito calmante, como valeriana, kava kava e erva-de-são-joão.
Por isso, a automedicação nunca é recomendada. Apenas um profissional de saúde pode avaliar as possíveis interações e indicar a dose correta.
Superdosagem: sinais e o que fazer
A ingestão ou administração excessiva de difenidramina pode provocar intoxicação grave.
Os sintomas incluem:
- Agitação intensa;
- Alucinações;
- Tremores;
- Convulsões;
- Febre e rubor facial;
- Em casos avançados, coma e parada cardiorrespiratória.
Diante de suspeita de superdosagem, é fundamental procurar atendimento médico imediato, levando a embalagem ou bula do medicamento. O tratamento é sintomático, com suporte respiratório e controle das convulsões.
Procure orientação médica antes de iniciar qualquer tratamento
A difenidramina é um medicamento com múltiplas aplicações clínicas e reconhecida eficácia no alívio de sintomas alérgicos, náuseas e vertigens. Contudo, o fato de ser um fármaco de uso conhecido não significa que seu uso seja isento de riscos.
Cada organismo reage de forma diferente, e fatores como idade, presença de outras doenças e uso concomitante de medicamentos podem alterar a resposta ao tratamento ou potencializar efeitos adversos. Por isso, mesmo em situações que pareçam simples, como uma reação alérgica leve ou um episódio de enjoo, a automedicação não é recomendada.
Somente o médico pode avaliar corretamente a necessidade da difenidramina, a dose adequada e o tempo de uso, além de identificar possíveis contraindicações. O acompanhamento profissional garante não apenas a eficácia terapêutica, mas também a segurança do paciente, evitando interações medicamentosas, sedação excessiva e complicações que poderiam ser prevenidas.
Em caso de dúvidas ou sintomas inesperados durante o tratamento, é essencial buscar orientação médica imediatamente e jamais interromper ou ajustar a medicação por conta própria.
Lembre-se: medicamentos devem ser utilizados com responsabilidade e sempre sob a orientação de um profissional da saúde.